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  • Foto do escritorIêda Lima

Zé Américo, a política seu destino, as letras sua vocação

A Fundação Casa de José Américo, criada nove meses depois de seu falecimento, instalada no ambiente onde ele viveu por longos anos, abriga o mausoléu com os restos mortais dele e da esposa (Anna Alice Mello), além de um valioso acervo documental de governadores e grandes escritores paraibanos e dos principais jornais do estado. Juntam-se a essas preciosidades o Museu Casa de José Américo, aberto ao público em 10 de janeiro de 1982, e o Memorial da Democracia, formando um complexo memorialista do porte desse ícone da política e da literatura paraibana.


Ser recebida por seu presidente, Fernando Moura, um dia depois do aniversário de 44 anos do falecimento de Zé Américo e conhecer o audacioso projeto de aproximação da FCJA com o público jovem, deixou-me orgulhosa de ser paraibana. Longe da pretensão de um ensaio sobre o legado de José Américo de Almeida, missão essa cumprida por escritores da estirpe de Elizabeth Marinheiro e outros que contribuíram com o livro ‘José Américo: o escritor e homem público’, Editora União, 1977, ouso resumir neste espaço a grandiosa obra deste paraibano, de Areia, nascido em 10 de janeiro de 1887, desarmada de julgamentos por suas escolhas político-ideológicas, nos anos de 1930, 1940 e 1970 do século XX.


Sua trajetória profissional e política refletiu seu perfil altivo, líder nato e hábil no uso da palavra, oral ou escrita. Em 1930 foi eleito deputado federal, mas seu mandato não foi reconhecido, como retaliação do governo federal à Aliança Liberal, à qual Zé Américo aderiu. Com o golpe que derrubou o presidente Washington Luís, foi nomeado por Getúlio Vargas como interventor na Paraíba e chefe do “Governo do Norte”. Ainda em 1930 tornou-se ministro da Viação e Obras Públicas no governo de Getúlio Vargas (1930-1934). Em 1935 foi eleito senador da República, tendo renunciado ao cargo para ser ministro do Tribunal de Contas da União (1935).


Candidato apoiado por Getúlio Vargas à Presidência da República, em 1937, foi traído por ele, com o autogolpe que cancelou as eleições e instaurou o Estado Novo. Foi ainda senador da República, em 1946; governador da Paraíba (1950-1953); ministro da Viação e Obras Públicas (1953) da Ditadura Vargas; e reitor da Universidade da Paraíba (1956-1957).


Dentre as suas obras, como governador da Paraíba, destacam-se a primeira Escola de Agronomia da Paraíba, em Areia (1934); a conclusão do Colégio Estadual da Prata, de Campina Grande (1948); e a Universidade da Paraíba (1955), depois federalizada. Morreu aos 93 anos, em João Pessoa, em 10 de março de 1980. Em 10 de dezembro do mesmo ano, o governo paraibano criou em sua homenagem a Fundação Casa de José Américo.


Das 18 obras publicadas, além dos artigos escritos para o jornal A União e a revista Nova Era, destaca-se ‘A Bagaceira’ (1928), que abriu caminho para o romance moderno, regionalista. Sua carreira literária levou-o naturalmente a ocupar as Cadeiras 35 e 28 nas Academias Paraibana (22/6/1965) e Brasileira de Letras (28/6/1967), respectivamente.


 

Artigo publicado no jornal A União em 29 de Novembro de 2023




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