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  • Foto do escritorIêda Lima

Um andarilho em busca de cultura - Paulo Marcos Cavalcante

Num fôlego só, com parágrafos do tamanho da sua história, sem pausas, nosso confrade paraibano de Caraúbas, Paulo Marcos, faz o leitor esquecer de respirar, com o nível de detalhes com que vai soltando o novelo das suas memórias.


Permeada de paralelos com as mitologias indígena, grega, mulçumana e referências a ícones da Literatura, Paulo revela nessa obra sua enorme capacidade de contemplar o belo no feio; do alegre, no triste; o possível, no impossível; a fartura, na exiguidade; a esperança, no desalento.

Em Um andarilho em busca de cultura, 2015, a saga de um menino pobre, nascido e crescido no semiárido nordestino, “condutor de sonhos difíceis de serem realizados por um filho de pobre agricultor do sertão nordestino dos anos de 1970”, é um retrato do quanto o espírito de um ser humano pode se expandir, a despeito das tantas pedras no meio do caminho.

Para conquistar o direito de estudar, algo ainda muito comum Brasil afora, menino-moço de apenas 13 anos de idade fez das tripas coração e tirou sangue de tapioca. Dobrou a parada quando decidiu enveredar pela literatura, com a coragem dos fortes e audácia de quem não se envergonha do passado.


Quando se viu com seu primeiro romance nas mãos, decidiu realizar seu sonho de divulgar a cultura de um povo forjado na luta pela sobrevivência, ocasionada por seguidas secas, cujos efeitos poderiam ter sido neutralizados, com medidas preventivas, já amplamente conhecidas de outros povos. 


Como que buscando espantar sua solidão, que teimava em querer lhe fazer companhia, pois sozinho teve que furar o cerco da ignorância e da exclusão, o já maduro Paulo desbrava seu país, de motocicleta, descobrindo novas culturas; apreciando regiões privilegiadas pelo clima; constatando, com tristeza, que apesar do Brasil ser um país da copa do mundo não era um país do livro; mas sentindo-se realizado por estar divulgando seus livros em feiras literárias e doando para bibliotecas de colégios, que ia encontrando pela estrada.


Paulo fecha suas memórias relatando, com nostalgia, o retorno à sua terra, 31 anos depois da última visita, já na ausência de seus antecedentes, onde pessoas, animais e hábitos diferentes viviam agora ali, fazendo-o sentir-se um estranho e retomar “seu caminho de volta em busca de cultura, onde o imaginário é o limite.”


Minha reverência, confrade Paulo Cavalcante! Pela sua história de vida, pelo autoria do hino de Caraúbas e pela criação do Brasão Municipal.



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