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  • Foto do escritorIêda Lima

Ronaldo, o poeta

Poeta Ronaldo, era assim que ele gostava de ser tratado. Filho de Demóstenes Cunha Lima e Francisca Bandeira da Cunha (Dona Nenzinha); irmão de Aluísio, Lúcio, Ivandro e Fernando, já falecidos, e de Roberto, Renato, Marta, Zélia, Terezinha (Teté) e Maria José (Dedé); e pai de Cássio Cunha Lima, o advogado, promotor de justiça, professor, poeta, repentista e político Ronaldo José da Cunha Lima, nasceu em Guarabira/PB, em 18/03/1936.


Foto: Facebook Ronaldopoetaoficial

Aos seis anos de idade (1942) mudou-se com a família para a Rainha da Borborema, construindo ali sua trajetória, na qual o dom poético, manifestado aos 10 anos, mesclava-se à sua natural liderança política, testemunhada e documentada em profusão. Concluiu o primário na escola da professora Geni; cursou o ginásio no colégio Pio XI e o clássico no Estadual da Prata, voltando ao primeiro como professor; e formou-se, em 1960, na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Paraíba. Foi casado com Maria da Glória Rodrigues da Cunha Lima, de cuja união nasceram Ronaldo, Cássio (seu sucessor político), Glauce (Gal) e Savigny.

Tendo sido líder estudantil, aos 23 anos de idade já era vereador, pelo PTB. Foi Deputado Estadual (1963-66). Em 1968 foi eleito, pelo PMDB, a prefeito de Campina Grande, de cujo mandato foi cassado, pela então Ditadura Militar, seguido de suspensão de seus direitos políticos por dez anos. Anistiado em 1982, candidatou-se mais uma vez a prefeito de Campina, pelo MDB. Vitorioso, deixou como legado o Maior São João Mundo, criado em 1986.

Governador do estado da Paraíba, pelo PMDB (1991-94), foi Senador da República de (1995-2002), elegendo-se em seguida para Deputado Federal por dois períodos legislativos, pelo PSDB, tendo renunciado em 2007, por força do processo penal que tramitava desde 1993, quando ainda era governador da Paraíba, por ter atirado no seu antecessor e adversário Tarcísio Burity, por declarações públicas feitas por este contra seu filho Cássio Cunha Lima, então Superintendente da SUDENE, o que foi motivo de profunda dor para ambas as famílias.


De memória admirável, comprovada na sua brilhante participação no programa “O Céu é o limite”, comandado pelo jornalista Jota Silvestre, na extinta TV Tupi, na década de 1970, quando residia no Rio de Janeiro, durante seu “exílio interno”; e quando repetiu a façanha, em 1988, no programa “Sem Limite”, na Rede Manchete, apresentado por Luiz Armando Queiroz. Em ambos respondia em versos questões sobre vida e obra de Augusto dos Anjos, fazendo jus ao dom herdado de seus avós paternos, os poetas João e Maria José da Cunha Lima.


Durante o Festival de Repentistas, em Campina Grande, em 1996, ao ser convidado pelo poeta José Laurentino, para declamar “um, dois, três... de seus sonetos”, Ronaldo confessa seu grande compromisso com a poesia, compartilha sua alegria por seu livro Poemas de sala e quarto ter sido escolhido para o curso de linguística no Mestrado em Literatura, da Universidade de Berlim, Alemanha: “Fico muito feliz, saber que a poesia paraibana está chegando naquele mundo.” Na oportunidade, ele declamou os sonetos Resposta e Fortaleza Interior, que compõem o CD de sua autoria, 50 canções de amor e um poema de espera.


Publicou diversas obras literárias, destacando-se 50 canções de amor e um poema de espera (1955); Poemas de sala e quarto (1992); Breves e leves; tercetos e outros poemas (2004); Gramática Poética (2004); Azul itinerante, poesia policrômica (2006); As flores na janela sem ninguém - uma história em verso e prosa (2007); e A Missa em versos e outros cânticos de fé (2004). Seu icônico pronunciamento, repleto de bom humor, proferido em 12/11/1998, no Senado Federal, em defesa da Língua Portuguesa, advertindo do risco da invasão do estrangeirismo e do neologismo que corroem nosso idioma, é uma obra de arte.


Escolhido dezenas de vezes como paraninfo da UFPB, UNIPE e UEPB, recebeu das mãos do Presidente da República, Itamar Franco, em 1993, a Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial especial. A Assembléia Legislativa da Paraíba criou, em 2015, a Medalha “Poeta Ronaldo Cunha Lima”, comenda a ser concedida a artistas da cultura popular nordestina.


O poeta ocupou as cadeiras nº 16 e 14, da Academia de Letras de Campina Grande (01/10/1983) e da Academia Paraibana de Letras (11/03/1994), respectivamente. Faleceu em João Pessoa no dia 07 de julho de 2012, aos 76 anos; seu corpo foi velado no Palácio da Redenção e sepultado na sua amada Campina Grande, no cemitério Monte Santo, após ser velado no Parque do Povo, ali onde uma placa dizia um verso seu: Que este meu gesto marque/O nascer de um tempo novo/O povo pediu o parque/Eu fiz o Parque do Povo.


 

Artigo publicado no jornal A União em 26 de Julho de 2023



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