Nesta sexta-feira em que cristãos relembram o sofrimento imposto a Jesus pela pressão cega de uma multidão e a covardia de Pilatos, que se limitou a "lavar as mãos", quando do julgamento daquele que pregava amor e compaixão, sinto-me impelida a romper o meu silêncio.
Não o silêncio que me aproxima de Deus, mas aquele "silêncio diabólico", que o escritor paraibano Damião Ramos Cavalcanti tão bem definiu como o silêncio da omissão.
Quero falar dos civis, crianças e mulheres em especial, que estão sofrendo e morrendo, em mais um triste episódio do infindável conflito religioso entre Judeus e Palestinos.
Quero falar dos judeus que morreram ou ainda estão sequestrados pelos terroristas do Hamas; ou que voltaram a sofrer pelo retorno do antissemitismo no mundo, como desabafou Stieven Spielberg, meu cineasta preferido.
Quero falar, com o mesma compaixão, dos palestinos que passam fome e morrem, como resultado das operações militares do governo israelita, que segue ignorando os apelos do mundo inteiro por um cessar fogo imediato e temporário na Faixa de Gaza e deixar entrar ajuda humanitária.
Os que estão no poder usaram, de um lado, o nome de Deus para cometer atos terroristas contra inocentes em Israel; de outro lado, apelam para Seu nome, para cometer as atrocidades que estamos vendo na Faixa de Gaza, desde outubro de 2023.
Não importa a religião que adotemos, mas essa matança e sofrimento por que estão passando os inocentes civis palestinos, em especial de mulheres e crianças, como se houvesse uma determinação de destruir um povo, não pode ser vista como normal, em pleno Século 21!
Deus e o Jesus que morreu crucificado, por defender os humildes e amar as criancinhas, certamente não se reconhecem nessa guerra insana e diabólica.
Que esta Sexta-feira da Paixão nos faça refletir e ter coragem de romper o "silêncio diabólico", ainda que nosso grito não amoleça o coração dos que estão à frente dessa guerra inútil. A História fará justiça. Estaremos do lado certo.
Comments