Há exatos oito dias, eu me divertia com meus netos pequenos, filhas e genros soltando pipas (eu pela primeira vez), aproveitando os bons ventos do verão em Brasília.
Quando alcei a pipa, que me puxava como que convidando para voar, de repente ela começa a rodopiar loucamente, como se tivesse visto uma assombração, lá de cima.
Repeti o gesto que meus irmãos homens faziam, quando crianças, época em que meninas eram proibidas de brincar na rua; dei uns solavancos com força até a "coruja" voltar ao seu eixo e se acalmar.
Naquele momento, passei o "controle" da pipa para meu neto que completará dois anos mês que vem. Pus-me de cócoras e pude sentir a respiração e ver o brilho no olhar dele, quando se viu com aquele "pássaro" colorido nas suas mãos.
Olhei para o lado e pude também sentir, de longe, a mesma sensação tida pela irmã dele, dois anos mais velha, empinava outra pipa, mais alta e vistosa acompanhada de sua mãe, minha filha mais nova.
Olhei para a frente e lá estavam minha filha mais velha e os dois genros cuidando da recuperação de Jurado, o cavalo dela, que tantos momentos alegres lhe proporcionou em cavalgadas e agora está dodói.
Sentia-me num paraíso verde, até que um borrachudo me picou e eu acordei para a realidade, que não era perfeita, tinha alegria, amor e dor.
Mal podia eu imaginar, embora estivesse alerta que algo estava sendo armado, que a pipa havia captado, ao rodopiar, a energia do ódio e da destruição, que imperava na Esplanada dos Ministérios, incorporada em fanáticos movidos a mitos, fake news e total ignorância sobre a História Política, Social e Cultural do nosso país e do mundo.
Decorrida uma semana, ainda não se sabe quando a poeira irá baixar. Aos poucos vou vendo surgir a identificação e qualificação dos terroristas que invadiram os três Palácios da República (Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal); abertura de inquéritos contra autoridades que "se omitiram"; e investigações para identificar os organizadores, financiadores e mentores daquelas horas de horror contra a Democracia.
Não vejo a hora de tudo isso vir à tona e os culpados serem punidos!
Precisamos trabalhar e curtir a vida, com pipas coloridas bailando nos céus, como toda criança merece.
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