Otávio Adelino de Lima se foi deste mundo tão jovem, aos 59 anos de idade! O câncer o impediu de seguir sua função e o retirou deste mundo com tanta vida por viver, com tantos netos, bisnetos e trinetos para conhecer, ensinar e apoiar.
Meus filhos mais velhos tiveram a sorte de conhecê-lo, quando crianças. A mais nova, não teve esse privilégio.
O que guardo desse que ficou conhecido como Barra Branca?
Sua honestidade, disciplina no trabalho, caçador e pescador de primeira, amigo fiel, respeito pelos antecedentes.
Amante de Júlio Verne, o precursor da ficção científica, Otávio adorava embarcar nas viagens do autor de “A volta ao mundo em 180 dias”, apoiado em uma visão futurista, na sua aventura como pai, pelo sustento e educação de uma grande família, com um salário que perdia seu poder aquisitivo gradualmente. Ele conseguiu essa proeza!
Otávio, nascido em 16/12/1923, na Fazenda Campos, localizada no então distrito de Olivedos/PB, hoje município do agreste paraibano, veio com a família para Campina Grande/PB, aos oito anos de idade, em 1931, para morar inicialmente no sítio Lagoa dos Canários, ali onde se situa o Complexo Esportivo Plínio Lemos, o antigo estádio municipal.
Em Campina, fez o curso primário no tradicional Externato São Vicente, às margens do açude velho. Após anos sem estudar, pois precisou trabalhar, Otávio concluiu o Curso Comercial Básico no Colégio Alfredo Dantas, aos 31 anos de idade. Na sequência, fez curso de Técnico em Contabilidade.
Otávio foi marchante, na Feira de Campina Grande; foi prestamista; revendeu guloseimas, em um fiteiro, no centro da cidade; caçou e pescou todo final de semana, para assegurar a proteína da família; e foi administrador noturno, na Sede do Clube dos Caçadores. Até que, em 31/10/1955, Otávio tomou posse nos Correios, no cargo de Carteiro.
Paciente, rigoroso (até com ele) e introvertido, Otávio meu pai escutava mais que falava.
Cordato, tinha hábitos e atividades de lazer que lembram algo dos holandeses, que ocuparam a Paraíba no Século XVII: disciplinado, pontual, exigia silêncio à mesa, por considerar o ato da refeição um ato sagrado, pelo trabalho que estava por trás; não era chegado a beijos e abraços, embora muito dedicado à família; definia regras claras que todos seguiam; caçava com cachorros de raça; e respeitava as tradições. Saudades, meu pai!
Comments