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  • Foto do escritorIêda Lima

Epitácio Pessoa – de bacurau para o mundo


Epitácio pessoa

A reabertura do Memorial e da Cripta de Epitácio Pessoa no Palácio da Justiça da Paraíba, em João Pessoa, no dia 30 de janeiro deste ano, com a participação de dois dos seus descendentes, sendo um deles o jornalista e escritor Abelardo Jurema Filho, que no dia seguinte nos presenteou com o artigo Legado de Família, no jornal A União, fez-me voltar aos tempos de Ginásio Pio XI de Campina Grande, quando apresentei um trabalho sobre esse político, professor, diplomata e jurista de múltiplos talentos, que tanto fez pelo Brasil.


Aos 12 anos eu não dispunha de consciência e meios suficientes para fazer jus ao tamanho dessa figura pública. Ainda me sinto pequena, diante tudo que já foi escrito sobre ele pelo Gal. Liberato Bittencourt (1912); por José Américo de Almeida (1965); por sua filha Laurita Pessoa Raja Cabaglia (1951) e Abelardo Jurema (1978); mas me atrevo a fazê-lo, neste espaço.


Filho do senhor de engenho Cel. José da Silva Pessoa e Henriqueta de Lucena, nascido em Umbuzeiro - PB, em 23/05/1865, Epitácio Pessoa foi arrancado do convívio dos pais aos sete anos de idade, vitimados ambos pela varíola. Com isto, ele ficou sob a tutela de familiares de Recife, tendo estudado no Ginásio Pernambucano, em regime de internato.


Formado pela Faculdade de Direito de Recife, em 1886, com distinção do primeiro ao último ano, Epitácio Pessoa fez uma carreira brilhante na sua área como Promotor Público de Bom Jardim (PE-1886); ministro do Supremo Tribunal Federal (1902 a 1912); Procurador-geral da República (1902 a 1905); presidente de uma junta de jurisconsultos (1912), quando elaborou um projeto de Código de Direito Internacional Público, por encomenda do Chanceler Rio Branco; e membro da Corte de Justiça Internacional de Haia (1923-30).


Entretanto, foi na carreira política onde ele deixou a sua marca maior. Dotado do “dom da oratória e da comunicação, dono de dicção correta e musical, potencializava sua força argumentadora... dentro da tempestade, era estupendo”, escreveu José Américo de Almeida, em capítulo dedicado a Epitácio Pessoa, no livro Discursos do meu Tempo, publicado em 1965.


Outro depoimento memorável sobre Epitácio Pessoa, veio do professor, advogado e político paraibano, José Pereira Lira, que disse, citado por Abelardo Jurema em seu livro Presença da Paraíba no Brasil, 1978: “Ele não era reticente, nem dúbio, nem um dissimulado. ...Não polia a aresta, não disfarçava o ângulo...guardava impecável a compostura de homem de Estado...Não se desguelava em gritos histriônicos: desferia raios, olimpicamente...tinha verticalidade, ânimo de sustentar suas convicções meditadas...um administrador nato...Cartesiano que ele era...dominava-o o gosto inato da ordem e da previdência”.


Filiado ao PRM, foi Secretário-geral do primeiro governo republicano da Paraíba, após a Proclamação da República; Deputado federal à constituinte de 1890 e à primeira legislatura ordinária do Congresso Nacional (1891-1893); Ministro da Justiça e Negócios Interiores do governo Campos Sales (1898-1901); Senador pela Paraíba, eleito em 1912; Chefe da delegação brasileira à Conferência da Paz de Versalhes (1919); e Presidente da República (1919-1922).


Opositor do Presidente Floriano Peixoto, chamou de “ataques quotidianos do Governo à autonomia das unidades federais”, o que a maioria governista classificava como “reorganização dos Estados”, como relata sua filha e biógrafa Laurita, no livro de Abelardo Jurema. Em 1894 afastou-se por um tempo da política e casou-se com Maria da Conceição de Manso Sayão. Quando Presidente foi submetido à prova com turbulências políticas como a Revolta do Forte de Copacabana, dos quais sobreviveram Siqueira Campos e Eduardo Gomes, e a acirrada campanha presidencial de seu sucessor, prenúncios da “Revolução de 1930”.


Epitácio Pessoa é patrono da Cadeira nº 31 da Academia Paraibana de Letras, cujo fundador foi o Padre Francisco Lima e tem como atual ocupante Ângela Bezerra de Castro.

O menino que saía de Umbuzeiro com seu pai, a cavalo e pegava o bacurau, trem que partia de Itabaiana para Recife, para estudar e “um dia ser o Presidente da República”, como dizia orgulhoso Cel. Pessoa ao avô do advogado, jornalista e político paraibano de Alagoa Nova, Samuel Duarte, superou a perda precoce dos pais e explorou seus talentos em prol do Brasil e do mundo, despedindo-se de sua missão terrena em 13/02/1942, em Petrópolis/RJ.

 

Artigo publicado no jornal A União em 08 de Março de 2023



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