Edvaldo de Souza do Ó marcou sua trajetória como um intelectual dotado de uma visão privilegiada de futuro e de uma liderança cultural capaz de transformar ideias em projetos viáveis, para alavancar o desenvolvimento cultural e econômico de Campina Grande.
Professor, economista, administrador e desportista, esse paraibano de Campina Grande nasceu em 05/06/1929, como o primogênito dos seis filhos de Izaías de Souza do Ó e Alice de Souza do Ó. Fez o curso primário na escola de D. Júlia, tendo iniciado o ginásio no Colégio Marista de Recife, em regime de internato, juntamente com seu irmão, Edson do Ó. Porém, seu comportamento rebelde, como ele mesmo confessou, fez com que seu pai o transferisse para o Colégio Nóbrega, da congregação jesuíta, onde na sequência cursou Ciências Econômicas, pela Universidade Católica de Pernambuco, concluindo em 1956, aos 27 anos de idade.
Ainda como estudante universitário, Edvaldo liderou a criação, em maio de 1952, da União Universitária Campinense (UUC) que tinha por objetivo criar escolas de nível superior em Campina Grande, para dar oportunidade aos que não tinham o mesmo privilégio dele e de poucos, de sair da cidade em busca de melhores oportunidades de formação continuada.
Nessa luta, Edvaldo do Ó contou com o apoio de jovens que viriam compor um influente núcleo intelectual, dentre eles Raimundo Asfora e William Tejo, e com a decisiva interlocução de Lopes de Andrade, que era então Chefe da Casa Civil do governador José Américo.
Solteiro e sem filhos, investiu seu tempo livre na organização de seus livros, textos técnicos, cartas e outros documentos importantes, em sua Biblioteca localizada na "Granja Solidão". Ali também produziu os cinco livros que deixou publicados e recebeu amigos, para degustar bons vinhos e discutir sobre projetos para o desenvolvimento de Campina Grande.
Edvaldo idealizou e investiu toda a sua capacidade de mobilização, argumentação e articulação política, nas três esferas de governo, para implantar: a Faculdade de Economia para Campina Grande; a Escola Politécnica da UFPB; a SANESA – concessionária de água da Paraíba; a CELB – energia elétrica da Borborema; a TELINGRA – telefonia de Campina Grande; os Postos de Classificação do Algodão e de Sisal; a Bolsa de Mercadoria da Paraíba e a FURNE – Fundação Universidade Regional do Nordeste, atual Universidade Estadual de Campina Grande – UEPB.
No período de 1956 a 1985, Edvaldo do Ó exerceu diversas funções públicas e privadas, marcadas por sua grande capacidade de gestão e negociação política, com resultados que eternizaram sua passagem, seja na Prefeitura de Campina Grande ou nos setores industrial, comercial, de serviços, cultural, turístico, escolar, universitário e desportista da cidade.
O Campus I da Universidade Estadual da Paraíba e a EEEF de Bodocongó levam seu nome. O irmão Edson de Souza do Ó e os amigos Itan Pereira da Silva, José Luís Júnior e Silas Marinho, preservaram sua memória, por meio de obras publicadas e da Fundação Edvaldo do Ó.
Defensor da frase “administrar é ter coragem”, Edvaldo do Ó faleceu em 10/04/1993, aos 63 anos de idade, deixando sua marca de “um gênio de fazer e como fazer, entre sonho e a mágica de construí-lo”, nas palavras do seu amigo, o advogado e político Raimundo Asfora.
Artigo publicado no jornal A União em 29 de Novembro de 2023
O artigo revelou aspectos fascinantes sobre Edvaldo de Souza do Ó que eu desconhecia. Sua influência e contribuições impactantes para Campina Grande tornam-se evidentes, especialmente ao considerar o acesso de milhares de profissionais a cursos superiores, resultado direto de seu perfil visionário e progressista. A relevância de suas obras transcende o individual, deixando um legado duradouro que moldou significativamente o panorama educacional da cidade.