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  • Foto do escritorIêda Lima

Conversa com Dr. Virgílio Brasileiro

Há exatos cinco anos, 26/10/2017, Campina Grande perdia um dos seus mais queridos e competentes pediatras e irrequietos intelectuais. Paraibano de Piancó, Antônio Virgílio Brasileiro Silva foi adotado pela Rainha da Borborema aos oito anos de idade.


Nascido em 25 de fevereiro de 1936, filho do farmacêutico Virgílio Pereira da Silva e da professora Maria Liliosa Brasileiro da Silva, Virgílio cursou o primário e o ginásio (atual ensino fundamental) e o 1º ano do secundário (hoje Ensino Médio) no Colégio Alfredo Dantas, tendo concluído os dois últimos anos do curso no Colégio Estadual da Prata.


Médico pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 1961, especializou-se em pediatria, tendo passado pelo IMIP (Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira), em Recife/PE, onde fez residência médica (1962-63); pela Universidade do Chile, em Santiago (1965); e pelo Centro Internacional da Infância e Hospital "Des Enfants Malade", em Paris (1966-68). Em 1971 iniciou carreira acadêmica como professor de pediatria na Faculdade de Medicina de Campina Grande, encerrando-a em 1998. Em paralelo, fez mestrado na UFPE.


Do casamento com Iracema Adelino, em 17 de outubro de 1970, deixou três filhos, André, Beatriz e Cecília, tendo os dois primeiros seguido os seus passos profissionais.


Pelo seu amor à Medicina, a Campina Grande e à leitura, Dr. Virgílio conquistou grande respeito e admiração de quem cruzava pelo seu caminho. Adorava uma conversa demorada, explorando o mundo da história, da filosofia, das línguas e da arte! Era capaz de fazer um interlocutor perder a noção da hora, de tão prazerosa conexão que ele sabia construir. 


Ocupante da cadeira nº 12 do Instituto Histórico de Campina Grande (IHCG), cujo patrono é o emérito Cândido de Melo Leitão, ele abriu caminho para seu filho André Brasileiro, hoje vice-presidente dessa instituição. Foi membro ativo das Sociedades de Pediatria da Paraíba, de Pernambuco e Brasileira, e da Sociedade Médica de Campina Grande; e foi agraciado com a comenda do mérito da Academia Paraibana de Medicina; a medalha "50 anos do IMIP"; os títulos de cidadão de Campina Grande e de Cabaceiras; e a atribuição do seu nome ao banco de leite do Instituto de Saúde Elpídio de Almeida, à Ala Pediátrica e da Urgência do Hospital da FAP (Fundação Assistencial da Paraíba) e às UBS de Galante e Jardim Menezes/CG. 


À parte dessa merecida homenagem, esse prócer do humanismo e da ética conquistou os corações dos campinenses, deixando saudades. Recentemente, o legendário Ronaldo do Sebo relembrou, visivelmente emocionado, das agradáveis horas de conversas com Dr. Virgílio, visitante assíduo do seu acervo, em busca de obras já esgotadas do mercado editorial. 


Virgílio foi para mim, como mãe, um porto seguro, quando um dos meus filhos ou enteados estava doente. Vivendo a mais de dois mil quilômetros de distância, tinha inteira liberdade para ligar, a qualquer hora, e pedir apoio e compreensão para minha inquietude. 


Como amante dos livros, da cultura e da memória histórica como fator de identidade coletiva, ele me inspirou com sua defesa da preservação do patrimônio histórico da minha terra natal, incluindo o nosso "Capitólio"; e com suas reflexões filosóficas, inpiradas nos clássicos que compunham sua biblioteca particular, cujo acervo agora compõe a biblioteca do IHCG, que leva seu nome.  Está fazendo falta, muita falta, uma conversa com Dr. Virgílio!


 

Artigo publicado no jornal A União em 26 de Outubro de 2022



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