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  • Foto do escritorIêda Lima

Brincando com a morte

Pintura que simboliza sangue

Há dias este artigo vinha pedindo para nascer. Assim, decidi fazer uma pausa na linha editorial que vinha adotando, para tirar das minhas entranhas o grito de estupefação diante da morte de pessoas inocentes, crianças e mulheres em especial, motivadas pelo fanatismo.


Terror, terrorismo, completa cegueira, intolerância, insanidade, barbárie!


Recuso-me a comparar o número de mortes dali e dacolá! Cada ser humano importa!


Impotente, assisto aos pronunciamentos daqueles aos quais lhes foi dada a missão de liderar seus países e a ordem internacional, parecendo mais uma brincadeira de crianças malcriadas, num jogo de narrativas e veta-veta, alheios à realidade e ao que importa na vida.


O que aconteceria se mulheres estivessem nessas posições? Seria diferente? Talvez. Emerson Aguiar, em “Mirem-se no exemplo das mulheres”, publicado em 25/10/2023, neste veículo, disse que “as mulheres, em sua condição de mães choram os efeitos das guerras, não as provocam. E até mesmo na condição de guerreiras, são mais sensíveis que os homens”.


No mesmo artigo, Emerson nos conta da greve de sexo feita pelas mulheres, que logrou atingir a paz em Atenas, em 411 a.C.; e de um episódio ocorrido na Idade Média (1140), quando o rei Conrado III sitiou a cidade de Weinberg, parte do então Sacro Império Romano Germânico. Ao anunciar que iria invadir e destruir a cidade, permitiu que as mulheres saíssem levando “às costas” o que conseguissem. Elas levaram seus maridos, “desarmando” o rei. Ou seja, as mulheres sabem ser astutas, para conseguir seus objetivos, com elevada qualidade.


Pisando em solo firme novamente, ainda são os homens que estão majoritariamente à frente da política e das guerras, como sua extensão. Muitos demonstraram conhecer que os meios usados durante as batalhas qualificam os fins e, por isto mesmo, respeitaram o Direito Internacional Humanitário, para limitar os efeitos dos conflitos armados sobre os civis.


Porém, quando escuto trechos de propostas de Resolução da ONU, sobre mais um conflito iniciado por uma ação terrorista e revidado na mesma moeda, pedindo timidamente para “tomar cuidado para não atingir civis”, estando já atingindo, matando crianças em larga escala, o desânimo me invade e temo pela ordem internacional, que está se esfacelando.


No Brasil, nossa guerra interna provocada pela expansão territorial, profissionalização e elevada capacidade de retroalimentação do crime organizado, e sua crescente penetração na máquina estatal, têm gerado um número vergonhoso e assustador de vítimas inocentes e espalhando o terror entre aqueles que apenas querem viver, trabalhar, estudar e amar.


Teimo em ter esperança no ser humano. Não sou daqueles que desejariam ser Deus, para varrer toda essa raça da face da Terra e inventar outra, como ouvi de um motorista de aplicativo que, por ironia do destino, tinha o nome de Israel. Não! O Algo Maior não faria isto.


Urge que nos conectemos com o melhor de nós, com a História e com a Natureza, para dar sentido à morte, respeitando-lhe o tempo de chegada.


 

Artigo publicado no jornal A União em 01 de Novembro de 2023



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